segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Duração

Já falamos sobre intervalos de tempo durante esse mini-curso porém nao aprofundamos sobre um ítem importantíssimo: A duração.

A duração é um intervalo de tempo. É o tempo entre o início e o final do evento sonoro. Poderíamos medir esse tempo em termos de segundos. Um maestro poderia dizer ao primeiro violino: toque um Si por 4.56 segundos.

Essa não é, no entanto, a maneira pela qual os músicos representam a duração de um evento sonoro.

A duração de uma nota é representada, em uma partitura, por meio de uma convenção de sinais que já dura alguns séculos. Nesse tipo de notação usual, não se especifica a duração em termos absolutos. Os símbolos contidos em uma partitura jamais dizem para um músico: "toque uma nota tal durante tantos segundos". Uma partitura diz ao músico: "toque uma nota longa" ou "toque uma nota com duração igual a metade da duração de uma nota longa" ou "um quarto da duração"e assim por diante. Os símbolos e as durações representadas por eles estão na Figura 1.1.


Note que esta notação representa a duração relativa entre as notas. A partir da tabela da Figura 1.1 podemos deduzir não só as relações entre a semibreve e as outras figuras mas entre as figuras entre si. Por exemplo: qual a relação entre a duração da colcheia e a da mínima? Ora, se as duas mínimas equivalem a uma semibreve e oito colcheias equivalem a uma semibreve, então quatro colcheias equivalem a uma mínima.

O que é importante é que na notação tradicional da partitura, não se exprime tempo absoluto mas tempo relativo. Cada figura exprime um tempo que não tem sentido isolado mas somente em conjunto com as outras. Por isso uma partitura pode ser tocada mais lenta ou mais rapidamente. Quando uma partitura é tocada em uma velocidade diferente, arelação entre as durações das notas não muda.

A notação de duração é conhecida habitualmente pelos músicos como notação rítmica. Uma combinação de diversas notas de diferentes durações sempre denota um ritmo oupadrão rítmico.

Podemos representar um padrão rítmico combinando vários símbolos de duração. Veja o padrão rítmico da Figura 1.2, por exemplo. Nela estão quatro figuras rítmicas: uma semibreve seguida de duas semínimas e uma mínima.




Qual a duração que cada uma dessas quatro figuras representa?

Em termos de duração relativa à semibreve, as semínimas valem um quarto da duração desta e a mínima vale metade.

Vamos supor que a primeira figura (a semibreve) durasse um segundo. A segunda figura (a semínimas) duraria um quarto de segundo, pois ela vale sempre um quarto do que vale a semibreve. A terceira figura também duraria uma quarto de segundo. A quarta (a mínima) duraria meio segundo, pois sempre vale a metade da semibreve.

Imagine, por outro lado, que resolvêssemos fazer a semibreve durar dois segundos. A duração das outras três figuras seria, respectivamente: meio segundo, meio segundo e um segundo.

É claro que um músico, para tocar, não fica pensando no valor das durações em termos de segundos. O que ele pode fazer é, por exemplo, bater com o pé uma marcação fixa de tempo e pensar: o "TOC-TOC-TOC" do meu pé está tocando uma porção de semínimas, uma após a outra.

Tendo uma marcação rítmica fixa no pé, ele pode bater com a mão o padrão rítmico, usando o pé (as semínimas constantes) como guia.

Vamos supor que o músico tenha de tocar uma semibreve com a mão. Ele sabe que cada semibreve tem uma duração igual à duração de quatro semínimas. Se ele está batendo com o pé uma porção de semínimas e a semibreve vale quatro semínimas, ele sabe que, para tocar uma semibreve com a mão, terá de tocar durante um tempo igual a quatro batidas do seu pé (as semínimas).

Escrever a divisão rítmica de uma dada melodia na notação habitual de partituras não é uma tarefa trivial. Também não é trivial o contrario, ou seja, ler uma dada divisão rítmica numa partitura e tocá-la com precisão. Essas tarefas são chamadas, respectivamente, de "Ditado Rítmico" e "Solfejo Rítmico". Elas tomam boa parte do tempo de estudo do músico.

Como dizia anteriormente, a partitura exprime a relação de duração entre as diversas notas e não as durações absolutas.

Suponhamos que haja centenas de notas em uma partitura. As durações relativas de todas elas já estão especificadas e basta que apenas UMA das durações absolutas das figuras seja especificada para que todas as outras também o sejam.

Numa partitura tradicional, o valor absoluto da duração de uma figura é indicado colocando-se no alto da partitura uma marcação como a da Figura 1.3.


A figura mostra uma semínima sendo igualada ao número 60. Isto significa que, nesta partitura, a semínima vale "1/60 de minuto"ou um segundo. Se o número fosse igual a 80, a semínima valeria 1/80 de minuto ou 0,75 segundos.

Esta marcação é conhecida como marcação de tempo ou andamento.

Ora, se a semínima vale um segundo, podemos deduzir quanto valem todas as outras figuras rítmicas: a semibreve valerá 4 segundos (a semínima vale sempre um quarto dela), a mínima valerá 2 segundos etc.

Na verdade, esta marcação, que aparece no alto das partituras, normalmente é usada em conjunto com um aparelho chamado Metrônomo. Este aparelho é uma espécie de "pé automático". Ele faz uma porção de ruídos semelhantes a estalidos, igualmente espaçados. A duração do intervalo entre os estalos é regulável por um marcador. Sob o marcador existem números escritos. Se o instrumentista vai iniciar o estudo de uma peça que tem uma marcação de tempo como a apresentada na figura anterior, ele regula o metrônomo para o número correspondente à marcação da partitura. Ele sabe que as batidas do aparelho serão figuras iguais à figura que está sendo igualada ao número. No exemplo da figura, o instrumentista regularia o metrônomo para 60 e saberia que cada batida deste estaria representando uma semínima.

Se ele quisesse tocar uma semínima, bastaria ele tocar uma duração igual à batida do metrônomo. Se quisesse tocar uma mínima, tocaria uma duração igual a duas batidas do metrônomo etc.

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